Ansiosíssima para o nascimento da minha florzinha, aguardei as contrações do trabalho de parto como se esperasse algo mais delicioso deste mundo. Cada dorzinha que me dava, me enchia de esperanças. "Será hoje?"
Considero os últimos 15 dias de espera os piores de toda gravidez, somente pela ansiedade mesmo. Porque conseguia dormir tranquila, só não me movimentava como antes, me cansava mais com aquele barrigão, mas não sentia mais nada além disso.
Pois bem, numa certa madrugada senti algo diferente. Uma dor mais doída, vamos dizer, que vinha e ia embora. "Será isso a contração tão esperada? Só pode ser isso...acordo meu marido ou não? Péra, vamos aguardar um pouco..." Dormi de novo e só acordei de manhã. Mais um alarme falso. Poxa, cansei de brincar de alarmes falsos!
Tenso saber que a Larissa tinha só mais três dias para nascer, senão o médico marcaria cesária. Me sentia uma péssima mulher e mãe. Parecia que não tava conseguindo cumprir meu papel depois de tanta preparação.
Enfim, no dia seguinte acordei me sentindo muito estranha. Não sei explicar. É estranho. Só queria cama e sentir a dor que vinha e ia embora. Fiquei assim até de tarde, aí passou. Então, resolvi ver Batman no cinema. Marido tava doido pra assistir...
Andamos no shopping, conversamos, comemos lanche (chutei o balde mesmo!) e fomos ao cinema. Eis que no auge do Batman acabando com o inimigo (não lembro nada desta cena!), senti uma contração enorme. Enorme de dor e de duração. Pensei: "Ixi, é daqui pro hospital!". As malas já estavam no carro mesmo. Porém, nada! Passou. Fomos pra casa e fui pra cama. Não consegui nem cochilar. Começaram as contrações de novo, desta vez ritmadas. Eba, trabalho de parto!
Fiquei na sala sentindo as dores e marcando no relógio. De 5 em 5 minutos vinha uma contração. Quando começaram a apertar, fui tomar um banho. Realmente alivia a dor. Acho que fiquei uma meia hora embaixo do chuveiro. Assim que percebi que não tava mais aguentando a dor, acordei meu marido e fomos pro hospital.
Check-in feito, fui examinada e constataram 5 dedos de dilatação. Ótimo pro parto normal! Meio caminho andado, podemos dizer. Então, a enfermeira me motiva com seu comentário: "Você está com dor?" Eu: "Muuuita. Dói pra caramba!" Ela:" Isso não é nada. É só o começo..." Eu: "..."
Fiquei andando pelo saguão do hospital, respirando fundo, tentando assistir tv, conversar com meu marido pra distrair, mas naada distrai a dor. Não tem jeito. Apesar dela, eu estava calma e tranquila. Algum tempo depois vieram me chamar, iria direto pro Centro Cirúrgico. Aí sim, fiquei tensa! Mas já?
Indo pro Centro Cirúrgico
Chegando lá, me tornei atração. Todo mundo vinha conversar comigo. Descobri depois que havia 4 meses que não tinham um parto normal. Triste realidade. De repente, me colocaram no 'soro'. Meu medo aumentou. Não queria ser induzida. Ainda eram 6 da manhã. Tinha o dia todo livre pra ter a Larissa. Mas, não. Me induziram. A enfermeira veio com aquele papo de "Você vai querer ficar sentindo esta dor horrível o dia todo ou já resolver isso logo?" E eu tive opção????
Meia hora depois eu já me contorcia de dor. Uma hora depois, eu já não era mais eu. Quando a contração vinha eu me desesperava. Pedia pelo amor de Deus meu médico e uma anestesia. Logo o médico chegou, me examinou e disse que já estava com 8 dedos de dilatação. Nesta altura do campeonato não valia mais a pena anestesia. A pior parte já tinha passado. Pra ele né?! Porque em seguida ele estourou minha bolsa e aí sim vi estrelas. A contração vinha, o médico me 'ajudava' a encaixá-la, ela ia embora e eu desmontava. Apagava mesmo. Já estava exausta.
Larissa encaixada, pronta pra sair, fomos pra sala de parto.
Senti uma picadinha. Era anestesia local para o famoso 'pique' (episiotomia). Próxima contração, fiz força, quase mordi a mão do meu marido, enfermeira ajudou a empurrá-la e ela nasceu!
Me levaram a Larissa e eu nem conseguia falar de tão cansada. Acho que disse: " Que linda!" E apaguei de sono.
Hoje penso que talvez tenha sentido mais dor que o necessário pela indução. Acho que se tivesse esperado o tempo certo do parto, não teria sofrido tanto. Mas, considero também que o médico tenha feito esta opção por causa de sua agenda. Para não desmarcar nenhuma consulta e acabar logo com o assunto. O que é outra coisa da triste realidade.
No meio do parto a gente acha que não vai conseguir. Não acredita que possa aguentar aquela dor. Mas, a gente aguenta. Somos fortes e nem sabemos disso. Se valeu a pena? Muito! Passaria tudo de novo por nós e pretendo passar com meu segundo filho.
E deixo aqui mais uma vez minha enorme gratidão pelo meu marido que não saiu de perto de mim nem por um segundo, quase perdeu a mão quando tentei mordê-lo e que me deu muita força para conseguir. Te amo, meu amor!